terça-feira, 17 de maio de 2011

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não tinha ideia de como seria, mas de algo eu tenho certeza seria algo ruim, algo que eu não queria saber. Verdades, muitas vezes, jamais devem ser ditas.
– A coisa que não devem ser ouvidas. – eu sussurrei por mais assustada que tivesse, dei as costas e desci as escadas.
David estava sentado brincando com um dado nas mãos, cheguei mais perto dele, ele me olhou e seus olhos tão azuis estavam mais uma vez negros, como uma noite massacra. Escura, fria e irreversível. Seus olhos retornaram ao azul, e eu me aliviei por um estante, pois eu podia sentir o meu coração batendo frenético como se quisesse sair rasgar meu peito e pular para fora. Cada batida era sincronizada com o dado que caiu das mãos de David.
– De todos os caras normais, eu vou me tornar sua primeira e talvez única paixão. – disse ele dando uma risada sem humor, não se preocupou em pegar o dado, quando ele se levantou o dado já estava na sua mão. – O que ela te disse?
Eu o observei por um instante, ele pegou meus braços e apertou. Seus olhos estavam interrogativos. Franzi minha testa, senti pontadas na cabeça, como marteladas. David me soltou. Coloquei mãos na cabeça e gritei com toda força que tinha, ou pelo menos o que restava. A dor era insuportável, tudo escureceu.

A dor de cabeça havia cessado, abri os olhos, eu estava numa sala, sentada na maior das cadeiras. Como a rainha. Ouvi murmúrios vindos de um dos corredores escuros que se encontravam atrás das enormes mesas a minha frente. Eu olhei e sorri, não parecia que era eu que comandava aquele corpo. O meu corpo.
Entraram ao menos 700 homens com armaduras completas, como se fosse começar uma guerra.
Eu poderia estar só, mas eu escutava os gemidos de medo, os corações acelerados e as espadas erguidas com hesitação.
– Só? Acham que tochas, espadas, escudos, flechas são capazes de me matar? Vamos deixar bem claro aqui que da ultima vez foram 1000 homens, e agora eles estão servindo-se de comida para meus leões. Sinto-me a própria Cleópatra, mandando no Egito. – debochava eu, sentada no trono.  
– Homens! – gritou um homem barbudo.
Ri mais uma vez e estalei os dedos, as mesas se encheram de comida. Fechei a mão em punho, todos andaram até as elas, e começaram a comer.

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